sexta-feira, 1 de junho de 2012

O Palhaço Triste



Esta história esta registrada e tem seus direitos autorais preservados. 

É endereçada a um artista famoso e só nos próximos capítulos descobrirão quem é. 
Respeitável publico! 
Por favor queiram nos  acompanhar...


01 cap
Em uma bela tarde do dia doze de outubro dia das crianças saiu pelas ruas um palhaço, cheio de penduricalhos com nariz de bolinha vermelha, buzinas e outras coisas do seu uso no dia a dia para chamar a atenção da criançada.E faz muito barulho, dá cambalhotas e olha para todos os lados de repente poderia ter alguém olhando. Mas não tinha ninguém olhando, as ruas estavam totalmente vazias todos estavam dentro casa, nem adulto nem criança se via por ali.
Então continuou andando de um lado para o outro e nada, chegava às esquinas das outras ruas e ninguém aqui ou ali, resmungava...
A violência ta assustando qualquer um, além do mais as crianças se entusiasmam tanto com computadores e vídeo games jogos! Jogos! Jogos!Sempre jogos. ’
As crianças já não se divertem com os amiguinhos, os pais já não tem tempo para brincar com os filhos. As mães já não cantam aquelas canções de ninar, agora tem musiquinha é só da cordinha e pronto, lá vem à música.
 Também não cantam mais aquelas músicas que toda mãe sabe, que aprendeu com a vovó. Até a minha mãe cantava quando lavava roupa lá na bica, bons tempos aqueles...
O palhaço parou no tempo imaginando sua mãe cantando feliz lavando roupa acompanhada de outras mulheres em um sol escaldante e nunca reclamavam.
Hoje em dia elas trabalham dobrado e no ônibus lotado ninguém da lugar e quando chegam em casa tem que preparar o jantar, tem  uma penca de baixinho esfomeado esperando por ela. Como pode cantar ao lavar roupa ou louça, pois já é tarde esta muito cansada e precisa dormir, por que amanhã é um novo dia e ai começa tudo de novo...
Eu até cansei, vou descansar um pouco.
Sentou-se na calçada e ficou ali triste, cabisbaixo, desanimado já não tinha há aparência de um palhaço comum tipo coringa, agora é como um pierrô sem alma.
E então se levantou e continuou andando em passos lentos, mas agora sem fazer graça nem chamar atenção até chegar ao shopping e resolveu entrar.
E lá havia milhares de pessoas apressadas que nem percebiam a presença do pobre palhaço.
Tão triste no cantinho olhando as pessoas, mães sacudindo o braço dos filhos chamando atenção, arrastando-lhes para não se perderem no tão espaçoso shopping.
E algumas mães reclamavam anda menino!                                                           




2°cap
O pierrô encontrou por acaso uma vaguinha em um banco bem no meio do shopping. Primeiro ele olhou bastante, verificando se não tava sujo, pra um banco esta  vazio com tanta gente  em pé deveria ta algum problema, mas não tinha. Sem muita empolgação ele olhou para o céu e agradeceu pelo  banco e falou; fico te devendo mais essa, pendura junto com as outras dividas, devo e não nego, pago quando puder.
Sentindo-se totalmente invisível aos olhos do povo, cruzou os braços e pensou:
Recapitulando... Antigamente não existia esse tal de caputador e mesmo assim era muito legal. Ta certo que o mundo evoluiu, mas...                                                     
As crianças brincavam até tarde na rua enquanto os pais batiam papo. Agora mal se cumprimentam.
A gente brincava de pular corda, tinha uma fila enorme e um corria, entrava e pulava e o outro esperava. E as meninas cantavam assim;
Um homem bateu em minha porta, e eu abri senhoras e senhores, pulem de um pé só. Senhoras e senhores de uma rodadinha, e vá pro olho da rua! E corria para o próximo entrar.
Tinha uma outra... De vagar cantava, sal, pimenta e bem rápido, bota fogo! E a gente pulava tanto até se cansar e errar de vez as vezes caía e era poeira pra tudo em quanto é lado.
Também brincava de salada mixta, nem da para esquecer os beijinhos que a gente ganhava das meninas, no rosto é claro!Ah, eu combinava com o Zezinho cabeça de ovo que quando fosse à hora de falar é essa,  se fosse a Aninha ele me cutucava eu dizia sim e  assim seria; pêra, uva maçã ou salada mixta, e eu me dava bem. Mas às vezes ele se vingava de mim fingindo ser a Aninha e era aquela gordona zarôia da Joana é mole?
Eu fechava os zoio, ganhava o beijo e saía correndo para acertar a cara dele. Eu voltava todo estropiado, mas voltava inteiro, já ele não posso dizer o mesmo. Ele imaginou o pobre menino mancado e com os dois olhos roxos, mas era só imaginação.
De ciranda cirandinha, pirulito que bate-bate, a carrocinha pegou três cachorros de uma vez, tra lá... Lá... Lá que gente é essa, tra lá... Lá... Lá que gente má. E samba crioula que veio da Bahia, pega essa criança e joga na bacia, a bacia é de ouro, areada com sabão etc. Constança, bela Constança, Constança bela será, será o cravo da fortuna, a volta que o mundo dá. Fui passear no jardim celeste, girofle, girofla, fui passear no jardim celeste para te encontrar, o que fostes fazer lá, girofle, girofla.
E aquela do tororó, fui no tororó beber água e não achei, achei bela a morena que no tororó deixei... Acho que vou voltar lá no tororó do Ceará e buscar minha morena. 


3°cap
Coitada deve ta até hoje me esperando! 
O palhaço desta vez pensou rápido, ela deve ta só o bagaço, pensando bem, é melhor largar ela lá.
E de pula carniça, e estrear o novo tôco, a gente fazia uma fila e pulava um obstáculo e passava para a próxima... Pastelão quente, hum! Aqueles tapas nas costas tão doendo até hoje!
E de amarelinha? Ainda guardo a pedrinha até hoje no meu bolso, mas ninguém nunca queria brincar comigo! E de passa anel então! Não sei por que todo mundo pensava que o anel tava sempre comigo, eu em, ta certo que dava nas vistas quando eu franzia e desfranzia as sombrancelhas varias vezes.                                                                                     
E quando as meninas se juntavam pra cantar e bater palma ao mesmo tempo e a gente ficava só olhando; eu com as quatro, eu com ela, eu com ela, nós por cima, nós por baixo etc. ou aquela do popai foi à feira não tinha o que comprar, comprou uma cadeira para Olívia se sentar, Olívia se sentou à cadeira esborrachou, coitada da Olívia foi parar no corredor cheio de.... Deixa pra lá. Ah, mas aquela era só pras meninas, eu era espada desde pequenininho, modéstia parte.
Nossa era legal mesmo! Mas isso era antigamente.
Naquela época os pais eram machos de verdade agora alguns  ficam camuflados os responsáveis, responsáveis mesmo trabalhava duro e sustentava a família.
 Agora a maioria corre da família como o diabo foge da cruz.
Deus me livre! E fez o sinal da cruz três vezes e falou em voz alta; nem todos. E deu um sorriso meia boca.
Como eu gostaria que tudo fosse diferente.                                                           
Os jogos estão mesmo roubando atenção das nossas crianças, elas perdem a infância e quando vê plim!O tempo passou tão rápido, já são adultos, mal brincaram e não foram felizes. Apenas cresceram...
E então dos olhos do palhaço caíram lágrimas que pingaram no chão e fizeram barulho. Como mágica, crianças chegando correndo e sorrindo alto e vindo em direção a ele que olhou para os lados e não via ninguém a não ser ele mesmo, mal acreditou.
A galerinha fazia o maior barulho ele se levantou do banco gargalhou muito empolgado e falou com um moleque que estava por perto; hei me belisca aqui pra ver se eu to sonhando?                                                                                                                     Estendeu o braço, encolheu novamente e gritou; ai, essa doeu em baixinho!
Já o menino deu uma gostosa gargalhada.     


4° cap
O palhaço se empolgou dando cambalhotas, por estar meio enferrujado acabou escorregando, tomou um tombo e ganhou sorrisos e aplausos.adultos que já nem sabiam sorrir, sorriam juntos.                                                                                                   
E reunidos fizeram uma grande roda e começaram cantar aquelas canções de roda de antigamente no tempo em que ainda usava calças curtas lá no Ceará comendo farinha.
Feliz da vida no meio da roda se viu no espelho do shopping e passou a mão no rosto, já não era mais um palhaço triste ou um pierrô sem alma, agora é um do tipo feliz de sorriso largo tipo coringa, e deu uma gargalhada daquelas.
No mesmo instante veeio em sua mente imagens do seu ultimo natal como um clip.
Ele sozinho sentado em sua velha cama de solteiro e perto um banquinho com uma árvore de natal feita de galho seco coberta por algodão e meia dúzia de bolinhas coloridas.                                                                                                                  
Viu-se escrevendo a luz de velas a cartinha para o papai Noel que dizia assim;
Querido papai Noel, nesse natal eu não quero ganhar nenhum presente, pode dar o meu pra quem precisa mais do que eu afinal, a gente não precisa de muita coisa para ser feliz não é verdade! Tenho duas pernas boas e posso ir onde quiser. E bateu uma perna na outra, as mãos nas pernas feliz da vida como se fosse uma criança.
Ta certo que muitas vezes não tenho dinheiro nem pro ônibus e ando mesmo é a pé, não, não to reclamando em! E enfiou as mãos nos bolsos vazios e sem fundo.
Em seguida continuou escrevendo...
Tenho dois braços fortes e duas mãos que me ajuda a trabalhar e conseguir tudo que tenho, com a graça de Deus é claro.                                                                        Orgulhoso olhou o velho cobertor dobrado, uma trouxinha com meia dúzia de roupa, depois olhou para o próprio corpo e seu pijama parecia ter vindo ta guerra, levantou os pés e viu os dedões fora das meias e continuou...
Queria pedir um pouco de paz para o mundo, queria que as crianças fossem felizes e voltassem a sorrir e brincar como antigamente e só o papai do céu pode fazer este milagre.
 Eu quero agradecer muito o pai lá de riba por tudo que ele tem me dado.
AGORA VOU TIRAR UMA PAIA, O SONO ME PEGOU DE JEITO, ficar atoa às vezes da uma preguiça. VOU APAGAR A VELA PRA economizar, contribuir ajudando no aquecimento grobal, sabe como é né. Aproveitou e deu uma boa mordida no pão duro que estava ali pertinho dele e continuou escrevendo...                                                                                             



 5°  cap                                                                                                       
Desculpe a interrupção,  esqueci umas coisinhas,continuando... 
Eu tenho dois zoio bom pra ver até o que eu não quero, mas ta bom, bom, bom, bom não ta não, mas ta bom!  
Vejo pessoas brigando, pais e filhos separados filho sofrendo, criança morrendo, pai matando filho ou filho matando pai, este mundo ta perdido, a onde será que nós vamos parar? 
Estão esquecendo de um pequeno grande detalhe; do amor.                             
 Triste e cabisbaixo dos seus olhos caíram pingos que molharam a cartinha naquele dia. E junto à imagem do mesmo escrevendo a carta chorou de verdade ali no shopping no meio de todo mundo e falou em voz alta;
 Poxa!  Engraçado!O natal passou há um tempão e só agora o senhor se lembrou de mim!                                                                                                                         
E do vidro do telhado do shopping Eldorado em SP viu papai Noel com uma prancha de surf voadora e roupa de havaiano acenando com a mão, deu uma piscadinha e falou;
 Hou! Hou! Hou! Hou!
Muito feliz o palhaço gritou; valeu papai do céu, demorou mais valeu!
E do nada, chegaram mais palhaços alguns que já tinham aposentado as roupas no armário, alguns faziam mágicas, truques, outros transformavam bexigas em bichinhos.
Uma palhaçinha pintava o rosto das crianças com lindos desenhos e elas saiam felizes ao se olharem no espelho e as brincadeiras continuaram.
Chegou também carrinhos e mais carrinhos de pipocas, algodão doce e não sei de onde saíram tantos balões coloridos caindo por todos os lados,  ao som da música, depende de nós, que o circo esteja armado, que o palhaço esteja engraçado etc.
Que legal.
E ele ficou feliz em ver as crianças se divertindo, de repente...
Uma criança apareceu do nada sem que ele percebesse dando-lhe um susto e tirando-lhe a peruca, a criançada gritou:
È o Didi! È o Didi!                                                                                                   
Que não teve outra saída e deu uma gargalhada sarcástica e gritou:
Iuhuuuuuuuu!
E todos se misturam se abraçando e Didi saiu despercebido passando em baixo das pernas das pessoas e ficou do lado de fora do circulo humano enquanto todos acreditavam que ele estava ali no meio da bagunça...    


6° cap   


 Ele mais uma vez pensou em um detalhe importantíssimo que tinha na música que ninguém havia notado.
“Será que naquela cantiga antiga, fui  no tororó beber água e não achei” o poço tinha secado?  Eu e minhas duvidas infalíveis.                                                                                                                      
E colocou a mão no queijo com expressão pensativa, e se imaginou no meio de um toró de chuva, com um copo vazio na mão tentando enche-lo com a água da chuva e ao mesmo tempo lambia algumas gotas, quase não acertava um pingo dentro da boca e todo molhado falou em voz alta:
Com o racionamento da água, precisamos economizar pessoal!                            
Só ai se tocou, percebeu que não estava na chuva e sim no shopping e que todos pararam e calaram olhando pra ele que parecia um louco.                                                                   
Que mico em! Eu e a minha boquinha e de novo falando sozinho, vou procurar um pisiqui alguma coisa, eu to piorando.  E saiu disfarçando de fininho.
Ainda parado no outro lugar se olhou viu sua roupa de palhaço molhada e falou de novamente:
 Se eu não to lá e to aqui, por que é que estou todo molhado?
Verificou se não havia feito xixi nas calças que por sinal estavam secas graças a Deus suspirou aliviado e debochadamente alegre.
Sentiu gotinhas fininhas caindo lá de cima e olhou viu aquele menino danadinho e levado que lhe tirou a peruca estava com um ex-vidro de desodorante com água jogando lá do alto.
Ao vê-lo com cara de levado, não sorriu e resolveu correr atrás dele que corria pra lá e pra cá e o moleque já tinha dado a volta.
E então teve uma idéia, a gargalhada se deslizou no corrimão chegando primeiro que o menino.
Todos pensaram que o menino seria repreendido, mas é claro que isso não ia acontecer, pelo contrario, o palhaço o pegou no colo e deu-lhe um beijo de estalar as bochechas e juntos sorriram. Ou melhor, gargalharam.    
                              FIM                                                                     


Roteiro: Mayala Morenna
                                                        

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