quinta-feira, 11 de abril de 2019

O grande dia



Era  uma tarde de céu claro e não havia uma só nuvem , todos  acolhidos em suas casas  por causa do calor escaldante dos últimos tempos, ruas totalmente vazias.
De repente... Um barulho tremendo chamou a atenção de todos que apresados foram o ver o que era e era um raio com um estrondo violento maior que todos mencionados como fenômenos naturais. Raios prateados abriram um clarão no céu e o que todos temos ouvido a vida inteira, a promessa de que um dia Jesus voltaria enfim  se cumpria naquele dia...
Todos abismados olhando para o céu e uma revoada de  pássaros alvos como a neve ao longe fora se aproximando e ao chegar perto da terra não eram pássaros e sim anjos. Com  mais ou menos dois metros de altura, asas longas, reluzentes  e vestes brancas, uma imagem jamais vista que chegava arder os olhos pela luminosidade prateada.
E esses anjos pegavam carinhosamente pela mão de cada pessoa escolhida e levava com ele voando para cima acompanhando o seu humano.
Eram milhares deles subindo levando e outros milhares descendo buscando. Pessoas começaram a orar gritando implorando misericórdia por seus pecados em cima da hora. Por medo de não ser escolhido e não ser levado ou medo do que estaria por vir para os excluídos.
Quanto mais anjos subiam, mais desciam...
Muitos foram chamados e poucos escolhidos.
E eu estava la, desesperada querendo saber onde estavam os meus filhos, porque se dispersaram, me desesperei  no meio daquela multidão avassaladora. Quantos celulares foram traídos e nem se quer ligavam, eu tentei ligar de um fixo para uma pessoa importante pra mim  que eu gostaria que estivesse comigo, subindo ou ficando, já que nenhum dos meus  estavam por perto e eu não conseguia encontra los,  mas o telefone fixo nenhum sinal fazia. O mundo foi exilado de toda tecnologia ou qualquer bem material e  o que sobrara em cada um fora a fé, a consciência dos seus atos e a certeza merecida.
Bebês e crianças flutuavam no colo e pareciam entender  o que acontecia e não davam um pio, alias, sorriam levemente  como se estivessem  indo para o céu literalmente.
Conhecidos  que cuidavam da própria vida, agiam certo e tinham amor ao próximo só olhavam para os que ficavam. Muitos outros  choravam porque certamente não seriam chamados e tinham seus motivos e cabisbaixo ficavam deixando lagrimas rolarem  em silencio em um total arrependimento.
Era tarde demais, era chegada a hora do grande dia, o arrebatamento.
Foi avisado e por muitos desacreditados.
E ainda olhando as subidas e descidas eu ainda aguardava pela minha vez, já que milhares de anjos vinham em minha direção, mas não consegui ver mais nada porque acordei.
Mayala Morenna

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Gripe

Quero estar ao seu lado quando tiver febril e tremulo de frio te aquecer com meu abraço junto a uma dose de remédio.
Quero estar ao seu lado quando acordar no meio da noite suado  com a boca seca da febre passada pedindo um gole de água.
Eu velaria o seu sono, sua respiração e atenta a cada movimento seu e sem nenhum meu para não te acordar.
Quero estar do seu lado quando tiver com medo de partir pra outro mundo de tanta dor no corpo e eu segurando sua mão te daria forças para ficar, por mim, por nos.
Temos uma vida pela frente...
Nosso caminho é longo. Viemos de outras vidas e nesta, ainda não podemos nos separar, não agora.
Quero estar ao seu lado quando amanhecer e você melhorado abrir os olhos e da um sorriso em me ver.
Seu café quentinho viria acompanhado de mais algumas gotas, mas meu abraço, esse  certamente seria seu primeiro remédio. Não que um abraço cure dores, mas ameniza, da segurança, tipo, estou aqui.
Gripe? Grite ainda que em pensamento e eu estarei do seu lado enquanto puder.
Quero estar ao seu lado por inteiro, sempre junto porque depois que te conheci não consigo  ser feliz longe. Ao seu lado junto e longe so pela metade.
                                                                                                                                      Mayala Morenna

Mayala Morenna: Homens

Mayala Morenna: Homens: Como uma grande senzala de barro e bambu, parecia um gigante salão de pau a pique ou   uma casa de taipa, indefinível porque ser um lu...

Homens



Como uma grande senzala de barro e bambu, parecia um gigante salão de pau a pique ou  uma casa de taipa, indefinível porque ser um lugar sombrio e não tinha camas ou qualquer móvel. Haviam lençóis ou cobertores de retalhos feito a mão espalhadas no chão. Tinha também alguns buracos disformes que lhes serviam de janelas e alguns com trapos para lhe proteger do vento.
Era tarde da noite...
Inúmeras mulheres se recolhiam para dormir cada um em seu canto no chão. Algumas com Bebes de todos os tamanhos e agarradinhas com os filhos dormiam amamentando, outras  com barrigas enormes mal se acomodavam se revirando de uma lado para o outro tentando achar uma posição para dormir, na verdade, o espaço era mínimo diante de tantas mulheres.
As que não se encontravam nestas situações eram as vigilantes armadas até os dentes apesar das saias de panos de saco ate os pés e os cabelos compridos e sem corte  não tinham nada de frágil.
Ali nada era falado e o silencio  no ar era despertado a meia noite quando um misterioso cavalheiro lhes roubava a paz. O cavalo era parado bruscamente  com frieza pelo cabresto e empinava relinchando e em segundos sumia.
Apesar da escuridão total dava pra sentir o medo em cada par de olhos, quase dava pra ouvir os batimentos cardíacos assim que o cavalheiro sumia. E assim que ele passava deixava seu rastro em alguma das mulheres que se sentia  diferente ou violada de certa forma, inexplicavelmente se ter se quer tocado em um homem.
Como de fosse um fantasma que deixava um leve toque no corpo uma sensação estranha que só era percebida  na manha seguinte bem antes do sol nascer. Clareava e todas se levantavam sem nada entender ou dizer ou sem perguntas a fazer ou responder e assim se passavam as noites...
A mulher tocada misteriosamente na noite passada acordava diferente sem explicação pra si mesma, mas em uma noite daquela uma delas resolveu sair da rotina e sair lá fora  e se arriscar para ver o que realmente acontecia, se fingiu de cega com um grande porrete na mão ia tocando o chão por onde passava ate que de repente o cavalo relinchou e a pobre mulher  gritou!
Foi horrível. Todas se assustaram, mas sem a luz da lua  não se enxergava um palmo diante do nariz não tinha como sair para aJuda la á  não ser  esperar ate  amanhecer . Foi  a noite a mais longa de todas. Amanheceu e lá estava a mulher, caída debaixo de uma arvore num sono pesado e ao ser despertado, parecia abobada e pela mão fora levada para dentro enquanto uma cuidava outra apanhava a botija e lhe oferecia um pouco de agua fresca.
Cada noite uma mulher era escolhida para ser a mulher da veze em segundos sem nenhuma explicação e sem nem saber se e foi prazeroso ou não porque fora exatamente na velocidade da luz  que cada uma era engravidada por um desconhecido.
 E assim se fez, todas as noites...
Porque toda mulher é, e sempre será  o único meio de transporte de o homem vir ao mundo.
E então de manha, cada mulher recolhia o seu leito uma ajudando a outra liberando o espaço no set para o próximo elenco.
Cortaaaa!
                                                                                                                   Mayala Morenna



Resgate



Eh! Mais uma multinacional  de sucesso acaba de tirar algo que dinheiro não paga, VIDAS.
Centenas de vidas foram ceifadas, arrastadas brutalmente pela lama devastadora de mais uma barragem.
Quantos pares de olhos choram...
 Não só de familiares e amigos, mas sim,  de todos  que assistem esta catástrofe.
Uma calamidade publica que afeta qualquer humano.
Quantos homens de lama se arriscam engatinhando,  escorregando,  literalmente se afundando na lama minunciosamente á procura de uma pista ou de um membro num resgate de dor.
Quanto cansaço interior há por dentro desses anjos de lama que num juramento pela vida ao próximo se formaram, Bombeiros.
 E do outro lado da tela um mundo de todas as crenças em um todo, nada podem fazer a não ser orar, rezar e esperar pelo próximo corpo encontrado a ser entregue aos parentes para ter um final digno. Coisa que ninguém pode  garantir se vai acontecer ou não, mas á esperança vem,  alias, não vem porque nunca saiu de dentro de nos que estamos de uma forma ou de outra lutando para ajudar alguém.
               Mayala Morenna

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Jaz




O velhinho franzino, acanhado ou encolhido do frio debaixo da marquise se escondendo da chuva pedindo abrigo.
A camisa branca transparente mostrava claramente a camiseta regata por detrás, mas um dia já foi jovem. Nota se que muito tempo faz. Jaz...
E esse mesmo modelito há muito fora exibido, porem, sem a camiseta, deixando botões abertos exibindo tórax, peito ou no pescoço a cruzeta.
E seu andar cambaleante de macheza só de olhar fazia a corte as meninas com sua beleza.
E o tempo? Ah, esse passa...
Não só para meninos, velhos ou rapazotes.
Ou meninas, velhas ou moçoilas de saiotes.
A idade chega para todos acredite, sem nenhum fricote.
                                                                                                             Mayala Morenna


A praça


_Ô maeeee eu cheguei primeiro e o Joao ultrapassou!
_não mãe foi ele...
Nossa que saco, não suporto essa pracinha barulhenta. Disse o filho resmungão enquanto a mãe sorria olhando da janela. Ele se despede dizendo estar mais uma vez atrasado para o trabalho e a mãe ainda na janela o abençoa, mas ele não ouviu e já estava longe.
Enquanto la fora, além das mães sentadas nos bancos á espera dos filhos que brincam sem pressa alguma.Outras conversam trocando receitas enquanto aposentados  jogam baralho para passar o tempo e avós  tricotam apesar de outono  a próxima estação segundo os meteorologistas promete um rigoroso inverno.
Choveu a noite toda, mas o sol deu o ar de sua graça e sabiás e bem te vis agradecem cantando. O dia estava lindo, nem parecia ter chovido tanto, as plantas bem mais verdinhas e o chão lavado.
Certo dia aquele jovem teve que se sentar em um dos bancos da praça para organizar seus papeis, parece ter esquecido um documento e se tivesse teria que voltar em casa, apesar de ter olhado no carro e nada do documento. Praguejando ter esquecido na mesa da sala.
As crianças na maior algazarra brincando e um vizinho curioso ao v elo por ali o cumprimentou;
_Oi David tudo bem? Quanto tempo. Você ta um homem feito hem!
_Sim Sr, graças a Deus por isso. E seu olhar para a meninada não escondia que não gostava de crianças.
_E parece que foi ontem, ainda me lembro do dia em que sua mãe comprou esta casa, haviam outros imóveis disponíveis na época, mas fez questão desse pela praça.
Claro você estava na barriga e assim que nasceu ela ficava tanto com você aqui que o carrinho de bebê parecia fazer parte da decoração da pracinha. Sorriram...
Mas você deve lembrar quando tinha o tamanho desses meninos neh?
_na verdade eu nem lembrava, mas sim, eu brincava bastante sim.
_Era sua segunda casa rapaz! Cabisbaixo ficou por segundos e viajou no tempo se via correndo e brincando de pique esconde ou de jogar bola, dos arranhões e os gritos chamando sua mãe que vinha como um relâmpago ver o que estava acontecendo.
O gentil Sr. continuou a conversa embora o jovem estivesse de saco  cheio de papo de velho e ainda ia trabalhar, mas o ancião continuou...
_Porque não traz sua mãe pra tomar um sol diário vai fazer bem pra ela?
_Como assim, quando eu saio ela deve viver nessa pracinha porque não tira os olhos daqui quando eu saio esta na janela e quando eu volto  á janela  esta aberta que t de tanto olhar acaba cochilando e deixando aberta. Ainda bem que é um bairro tranquilo e nunca tivemos assalto.
_Sua mãe não vem nenhum dia, eu sempre converso com ela de tarde da janela mesmo e me disse que já não tem firmeza nas pernas e caminha com muita dificuldade. Mas ama a praça e o barulho dela. Tudo faz lembrar sua infância. Notou se olhos lacrimejantes  e rapidamente se levantou se despedindo desviando olhares  e ligando o carro soando o alarme.
Dirigindo e pensando na frase; “sua mãe não vem aqui faz tempo”. E  no trabalho ficou disperso viajando no tempo, na verdade doido pra ir pra casa mais cedo. Fazia um bom tempo que não se dedicava a mãe com trabalho, trabalho e mais trabalho.
Quando saia de manha sempre resmungando e atrasado e quando voltava  a mãe estava dormindo. Fins de semana dedicação total aos amigos e a namorada nem havia percebido que sua mãe estava com uma idade avançada. Fez as contas e sua mãe o teve já em uma fase de risco pela idade e com sacrifício realizou o sonho de ser mãe. Realmente era muito amado apesar de ter perdido o pai a mãe se fez presente e cuidou sozinha nem tivera tempo de cuidar dela mesma. Se casar novamente nunca esteve em seus planos e o tempo passou tão rápido e já não tinha idade pra isso.
Ô mãeeeeee cheguei !Disse o jovem eufórico por um abraço e apesar da hora a cortina da janela balançava se com o vento e ele fechou a janela em seguida  foi para o quarto acordar a mãe como se ainda fosse aquele menino querendo contar novidades diárias ao chegar da escola. Acordou sua mamãe com um leve beijo no rosto. Leve até demais, estava  mórbida e fria. Sem sinal de vida e em meio ao desespero do filho abraçando, apertado e sacudindo exigindo que acordasse, mas era tarde demais. Devia estar desfalecida  há horas, mas estava serena...
A pobre no sentido pobre de carinho, a pobre senhora morreu enquanto dormia a sonhar com o filho ainda pequeno que se perdeu no tempo.
Um  velório luxuoso, silencioso  só para a alta sociedade mostrava claramente o que ele era e o que havia triplicado sua renda  durante uma vida inteira. Seus pais optaram em investir tudo que tinham na melhor casa da rua, a casa da praça visando o futuro do único e amado filho.
E a casa da praça atualmente avaliada em dois milhões de reais, mas nada disso poderia lhe trazer sua mamãe de volta.
Mayala Morenna