domingo, 31 de janeiro de 2016

Terras estrangeiras

Em momentos difíceis eu sempre falo que quero sumir por ai sem rumo, sempre quis ir para onde não me conheciam, embora reconheça que fui longe demais a dar fim a minha carteira de trabalho e torrar a pouca grana que tinha voando
em terras estrangeiras. Não sei como tive tanta coragem de ir parar na periferia de um bairro qualquer dos estados unidos.
De repente, me vi andando e todos me olhando como se eu fosse uma turista e era realmente ainda mais pelos trajes nada apropriados para o clima. Senti-me como um zumbi de tanto ver como era olhada, como se eu fosse de outro mundo.
Sentei num canto para pensar o que fazer sem hospedagem e o detalhe mais importante, eu não tinha convertido os meus reais em dólares, enfim, eu estava literalmente pedida. Comecei a desesperar indo por uma rua muito cabulosa, era fininha e íngreme, tinha casas com telhados azuis em formas triangulares que tocavam o chão. As ruas pareciam um grande tobogã  e haviam vários skatistas se aproveitando dela fazendo altas manobras escalando rampas de  quintais de casas alheias sem muro e sem cerca que faziam parte do lugar e eu  abobalhada vendo aquilo tudo, afinal, no Brasil nunca vi nada parecido. Um rapaz chegou ate a mim e me fez uma mímica pra eu não ir adiante, me fazendo sinal de que aqueles dois homens estavam ali para impedir minha passagem e então resolvi seguir os conselhos de um estranho depois de ver os mesmos de longe e tinham um mau-caratismo na face e nas mãos, então, apressei  os passos ate sair dali o mais rápido possível ate deixar de ser seguida por eles.
Em outra rua e depois  outra, finalmente sentei  no meio da rua e comecei a chorar, não sei se para chamar a atenção tipo; “oi eu existo”  sentindo falta da família e dos amigos. Eu estava muda não por deficiência, mas por não dominar o idioma e as pessoas pensavam que eu não falava. Uma gentil Senhora me levou para casa me dando água e comida e com gestos pedi uma caneta e um papel,  me deram um lápis que escrevia tão apagado que eu mal conseguia ler e então, escrevi  meu nome para me procurarem  no Google e encontrar todas informações a meu respeito para que eu deixasse de ser uma espécie de indigente porque era assim que eu me sentia.
E dia a dia fui ganhando o respeito  e um lugar na casa, me deram o bebê que chorava o tempo todo  para segurar  e cuidar e ele se calou se assim que se aconchegou em meu colo como se eu fosse um remédio, sei la.
E de tanto os ouvir  falando português me perguntei, porque eu não consigo responder  se eles falam  claramente o português brasileiro, porque eu estou com minha voz travada?
Sem entender nada arregalei os olhos e do nada acordei. Em casa...
Ô lugar bom é o Brasil, minha terra, minha casa, minha família e meus amigos.
Não preciso ir para terras estrangeiras para sentir faltar e ver o valor que tem pra mim e eu Jamais seria indigente na minha terra onde muitos me conhecessem, nem todos gostam de mim, mas a maioria me respeitam  do jeito que eu sou, como Mayala Morenna.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Um dia






































Um dia todas as mães irão desaparecer...
A minha, a sua e a deles, e então, ficara assim, órfão de tudo. Porque uma mãe não é só uma mãe, ela é metade do mundo.
E quando ela se vai leva junto uma parte da gente, ou seja, a maior parte deixando um vazio insubstituível.
E aqueles que ficaram de mal, ou por alguma desavença parou de falar com ela, este sentira falta da sua voz. E aquele que por ventura não abraça sua mãe, sentira falta  do abraço dela que é  o mais quentinho e o mais verdadeiro.Aquele que te protege de tudo...
Pense nisso se houver tempo e tempo  é algo que não espera.Ele passa num piscar de olhos e quando percebe só lhe restarão lembranças boas de um dia ter tido uma mãe.

                                                              





                                                                                                                                Mayala Morenna

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Devastador

Devastador























Um dia conheci o crack, foi tudo muito rápido não me lembro quem me deu só me lembro de estar caída no meio da rua. As pessoas passavam e me olhavam, eu parecia dormir um sono profundo quase um sono da morte ou um sono estranho sem vontade de acordar, então me ignoravam.

Não sei quanto tempo dormi, mas, acordei percebi que minha melhor amiga estava perto de mim, ou seja, no mesmo barco o tempo todo acordada. Apalermadas e fora de nós mesmas, éramos duas esquisitas no meio do nada, no meio de pessoas que a gente não conhecia.
Queriá-mos ir para casa, mas era muito longe, na verdade não sabiá-mos mais onde era, mas tentamos nos lembrar sem conclusão alguma.

E novamente duas bobas no meio da rua, ela pensou em chamar um perueiro que sempre levava a gente fiado e depois a gente pagava.
Quando conseguimos um celular qualquer não sei como, o tal perueiro atendeu a ligação, mas se negou dizendo ter ordens expressas para não levar ou trazer, se não tinha dinheiro para a corrida.
Ela apelou insistiu dizendo que sempre pagou as dividas corretamente e que ele não tinha motivos para duvidar da palavra dela, no maior barraco, enfim continuamos ali. Ou melhor, andamos e andamos... 

Até achar uma casa com varias pessoas estranhas na sacada do segundo andar, ao mesmo tempo eu estava lá olhando as mesmas pessoas que não gostavam de mim. Procurei e não encontrei cadê a minha amiga? Ela sumiu, mas não dei muita importância.
Eu cumprimentava as tais pessoas e fui ignorada mais uma vez, depois cumprimentei um irmão da igreja sem rosto certo como eu fazia todos os dias com a paz do senhor! Ele “não me respondeu do jeito certo que eu esperava pelo contrario, respondeu um simples oi e a palavra à paz do senhor” vindo da boca dele naquele momento me fez muita falta, na verdade eu não sabia o porquê tanto desprezo comigo e cai em prantos sem nexo.

De repente eu me vi num casebre comendo qualquer coisa que não consigo definir e via buracos, vários buracos eu queria tapá-los com trapos de pano, mas eram tantos buracos e eu não tinha como vedar todos. No mesmo instante eu via cobras saindo por todos os lados inclusive no teto. Eram najas, sucuris, cascavéis, corais e muitas outras espécies, mas não me atacavam. Ainda assim eu jogava água suja, elas se assustavam e saiam de fininho e logo vinha outra no mesmo lugar e eu com olhos esbugalhados apenas gritava.

Agora tenho certeza que eram alucinações, mas vai explicar pra mim naquele momento insano. Tinha uma sede de provar que não era viciada, com a boca seca ao mesmo tempo estômago embrulhando. Não sei exatamente pra quem eu fazia questão de provar inocência e em minha mão um livro de 115 paginas de perguntas e se respondesse 50% certo não estaria tão mal assim, embora eu mesma me recusasse acreditar que sim e muito dependente de droga. As perguntas eram fáceis tipos;

De que cor era o cavalo branco de Napoleão?  Mas não conseguia de forma alguma me lembrar da resposta. De algum modo meu cérebro não tinha informações de segundos atrás então em seguida passava para a próxima pergunta:
O palhaço pipoca dava cambalhotas!
Qual é o nome do palhaço? Eu simplesmente não sabia responder, enfim acabei fechando o livro de perguntas sem acertar uma e mais uma vez fui ignorada pelas pessoas, pela família e pelos amigos, que amigos, não vi nenhum e eram tantos. 

E não podia ver uma moeda, queria comprar droga a qualquer custo e achava sempre um rapaz para comprar para mim em um outro lugar.
Ao mesmo tempo não era qualquer moeda que dava o valor certo daí eu ficava feita louca e suja como uma mendiga e cabeça totalmente vazia.
Eu queria sair dali, daquela vida, daquele lugar, mas não sabia como então, acordei.
Apesar de eu nunca ter se quer experimentado o crac, usei e senti o gosto ruim nas veias no sonho e quase morri intoxicada no mais terrível pesadelo.
É assim que você fica.
E é assim que se sente.
E é assim que vai terminar os seus dias sem amigos, sem família, ignorado por toda sociedade.
Sua memória vai sumir de você, e só vai encontrá-la se for capaz de se resgatar a tempo.
Tornara-se um vegetal, sem cérebro e sem raciocínio à espera da morte.

Então acorde pra vida enquanto há tempo.

O que acontece com você não é apenas pesadelo que a gente acorda e ta tudo bem. 
Pode crer, é a mais pura realidade.
                            

             O crack é a treva, o sufoco e a morte.

                                      E Deus é a luz, é o ar é a vida.
O diabo é droga, Jesus é vida eterna.
A reposta para todos os seus medos está em Deus, procure-o.

                  





  Mayala Morenna

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Eu e o meu medo



Meu Deus, que desespero...
Ela tem pra mim trezentos olhos, mil pernas e muitos dentes, na verdade, garras terríveis que podem matar com apenas uma olhada.
Parece ser maior que uma arvore apesar de  ainda quase não ser notada, mas como se fosse me devorar inteira.
Então, corro, se minhas pernas deixarem, se não bombearem e se não paralisarem devido meu estado de choque plasmático.
Ela pode ser  multicor crespa ou  lisa, para mim nunca é bonita.Não entendo porque foi parar na arca um bicho desse, devia ter  sido banido e que se dane a cadeia alimentar.
Quisera eu poder andar tranquila sem olhar para os lados cronometrando milimetricamente cada parede, cada tronco e ai de mim se avistar uma atravesso do outro lado da rua enfrentando um possível atropelamento depois de sentir meu coração saindo pela boca e meus olhos se encherem de água, mesmo sabendo que ela jamais sairia do lugar para atacar-me.
E por essas e outras que me privo de desfrutar dos mais lindos parques em tais estações do ano.
Assim 
           sou 
                   eu
                         e o meu medo de 
                                                        lagartas.


                                                                                                       Mayala Morenna


sábado, 9 de janeiro de 2016

O pior cego, é aquele que não quer ver.

Cego, é aquele que não quer ver.


_è Mariana, nosso filho se tornou um rapaz bonito e forte não é mesmo?
_é sim Floriano, teve a quem puxar, seu pai era alto e forte, mas os olhos são iguais aos seus meu velho!
-ta passando da hora de se casar, eu na idade dele tinha uns três anos de casado.
_ três não, dois, não se lembra?
_é que o tempo passou rápido demais...
O casal guardou o porta retrato na estante, pois o rapaz não gostava de paparicos,
_ é você com seu machismo, estragou o menino.

Cláudio acaba de chegar do trabalho, antes de qualquer coisa pede a benção aos pais em seguida foi para o banho, tinha ainda alguns minutos para estudar antes de ir à faculdade.
É responsável e disciplinado, sempre faz questão de retribuir os gastos que os pais tiveram para criá-lo.
Sempre com boas notas desde o primário.
Ele andava de um lado para outro, parecia nervoso, o tapete do quarto ficou gasto de tanto andar e andar e não chegar a lugar algum.
Sentou-se na cama e suspirando o tempo todo. Deve estar com algum problema, mas, não tem com quem se abrir, muito reservado ao ter um pai
Mas isso tem sido assim de geração a geração, e com seu Floriano não seria diferente.
Hoje certamente não é o melhor dia para eu falar com eles. Resmungou por dentro  depois de não tirar nenhuma conclusão dos pensamentos.
_já vai meu filho, eu pensei que ia faltar á aula hoje, você tem um ar cansado, parece preocupado, posso te ajudar em alguma coisa?
_bem que eu queria, mas estou atrasado mamãe, fiquem com Deus!
_vá você com ele meu filho, vá você com ele...
As horas passaram e seus pais como sempre dormiram com a TV ligada, como se fossem duas crianças amontoadas no sofá da sala.
_mãe, pai, acordem, já é tarde.
_ que bom que chegou filho, estávamos esperando você e pegamos no sono, me desculpe.
_ que isso mãe, não precisava, vim direto para casa como todos os dias.
No fim de semana...
 Durante o café da manhã, Cláudio estava meio sem jeito e com poucas palavras.
A mãe percebeu e disfarçou bem, talvez fosse coisa de namorada.
Ele já não era nenhum adolescente, sabia muito bem se virar sozinho, mas ela só ia saber se perguntasse e à hora certa seria agora.
_Espere um pouco filho, vamos bater um papinho, depois do café tudo bem?
_claro_respondeu ansioso com voz trêmula.
Não, ele não terá coragem de enfrentá-la, mas...
A campanhinha tocou, era o Beto amigo de infância, iam jogar bola como todos os domingos.
_Tchau mãe, daqui a pouco eu volto.
Horas depois...
_eu reparei que você anda meio estranho, preocupado, é  trabalho, a faculdade ou namorada?
_senta aqui, vamos conversar, me sinto mal, não posso mentir, muito menos para a senhora, na verdade, e, eu, não sei como começar.
_que tal do começo meu filho.
_ eu não sou como o pai queria que eu fosse.
_como assim, não entendo...
_não me sinto bem fazendo veterinária, o que eu queria mesmo era fazer psicologia, eu gosto de ajudar as pessoas a se encontrarem, nem todo mundo tem uma família unida que nem a nossa, há pessoas sofrendo lá fora, no mundo.
_eu sei filho, mas onde você ta querendo chegar, vai trancar a matrícula de veterinária e fazer psicologia?
_ na verdade eu já fiz  omiti. _Me perdoa mamãe?
_ô meu filho, por que não contou a verdade antes para o seu pai, sabe como ele é, tem gênio forte, mas com jeitinho à gente fala com ele, pode deixar comigo, o que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo. Eu te conheço, não é só isso que esta te aborrecendo, fale logo?
_mãe a senhora, sempre ficava do meu lado quando o pai estava bravo com alguma coisa que eu aprontava não é mesmo?
_claro, mas não enrola, vá direto ao assunto.
_Eu, eu, eu... Sou homossexual, pronto falei.
_ o quê? Eu não sei o que dizer.
A pobre mãe não sabia se chorava, ou se levantava as pernas tremiam como vara verde, não agüentou e uma lágrima desobediente correu em seu rosto sereno.
Choraram juntos em um abraço. 
No final da conversa ela disse uma frase que lhe tirou um sorriso forçado, amarelo.
“Vamos enfrentar juntos”
_ô mãe, obrigado, a senhora não existe.
_Mariana, Mariana, o que ta acontecendo?
 Por que os dois estão a tanto tempo cheio de segredinhos, isso não é coisa de macho em, eu é que tenho que conversar com ele, deixe-nos a sois.
_depois eu falo com ele mamãe, pode ir.
_não, é melhor esclarecermos agora, você já esperou demais para falar, isso acontece com qualquer pessoa e um dia ele vai ter que entender.
_ entender o quê mulher, fale logo?
_ele não esta mais fazendo veterinária, odeia cuidar de bois como você queria, ele gosta é de cuidar de pessoas que precisam de ajuda, psicologia.
_O quê.
_e tem mais, vou falar de uma vez, não aguento mais segurar esta barra sozinho.
EU SOU GAY.
_Mariana ele enlouqueceu de vez, tira esse menino da minha frente, se não vou fazer uma besteira, eu não tenho mais filho, desaparece da minha casa já!
_Pelo amor de Deus Floriano não faça isso.
_deixa mãe eu saio, tudo bem ele ta certo, a casa é dele.
O rapaz apanhou uma mochila com algumas roupas, se despediu da mãe que estava inconsolável e...
_e já vai tarde, eu não criei filho afeminado, o quê que eu fiz meu Deus para merecer isto!
 O quê que eu fiz!
Os dias se passaram...
Cláudio passou alguns dias em casa de amigos, mas alugou uma casa e teve o seu espaço, não como a casa da mamãe, mas era preciso.
Enquanto...
Naquela casa havia uma tristeza no ar, as refeições iam para as galinhas, o cachorro de mais ou menos 10 anos de tristeza nem latia mais.
E dona Mariana quanta angustiada, emagreceu coitadinha, como sofrem as mães.
Os dias já não eram os mesmos.
Uma vez seu Floriano muito angustiado saiu para tomar um ar, para passar o tempo, em casa estava inquieto e afobado.
Já era noite ele ainda vagava pelas ruas escuras sem rumo depois foi abordado por um cristão, que falou do amor eterno que Jesus sente por nós, é claro que o velho se recusou em acreditar que todos somos iguais, filhos do mesmo Deus, e ele é o juiz, o único certo e verdadeiro.
Seu Floriano saiu cabisbaixo resmungando deixando o homem falando sozinho, de repente...
Dois homens vieram em sua direção para assaltá-lo, como tantos idosos por aí em dia de pagamento, pois o velho tinha guardado no bolso todo o pagamento também..
O velho gritou por socorro mais de uma vez e foi lançado no paralelepípedo, por sorte apareceu um jovem que os enfrentou sozinho, graças aos golpes de caratê.
O pobre velho tinha escoriações no corpo e no rosto, perdeu os óculos ao cair passou a mão procurando a bengala  e não encontrou então...
Não se quer ouviu a voz do herói que lhe salvara a vida, mas, pôde segurar lhe a mão quando lhe foi devolvida a carteira.
O velho resmungão clamou abusando de mais um favor, dizendo que não poderia andar sozinho até sua casa, tinha as pernas bambas demais para andar sem a escora de madeira que ele negava em aceitar que era bengala que foi parar longe dali.
Durante a caminhada de três quarteirões, o velho reclamou que tivera um filho, mas que o tinha perdido fazia algum tempo. Mas o jovem nada respondia, talvez fosse mudo o pobre. O importante era que ambos estavam bem e seu Floriano não se deu conta de que já estava em frente o portão de casa.
_entre rapaz, tenho outro óculos de reserva, não sei como agradecer por me salvar a vida, por favor, entre que te darei uns trocados. O rapaz não queria receber nada pela ajuda, mas...
_Mariana, Mariana, acode aqui minha velha.
_ mas o que é isso aconteceu, onde você estava, e quem é este, minha nossa!_ Ela ficou surpresa ao ver o salvador do marido ferido.
Os degraus eram altos demais para alguém moribundo, ensanguentado e daquela idade subir sozinho, só havia uma maneira, ser carregado...
_ô como Deus é bom, você é forte em! E apareceu na hora certa, me põe aqui no sofá, nesse não rapaz, naquele, por favor, prefiro aquele sofá.  Ô velho espaçoso
_Mariana, já achou os óculos, ta na segunda gaveta do criado mudo. Assim que colocou os óculos percebeu os olhos molhados da esposa e a abraçou, de alegria por estarem juntos novamente.
_confesso que tive medo de não vê-la de novo minha velha, eu teria morrido e o quê seria de mim... O quê seria de mim...
  Depois do caloroso abraço dos anciões, quis apresentá-la ao rapaz e viu claramente, era o seu filho, o seu único filho.
 Seu Floriano chorou como nunca na vida inteira, vivia dizendo que homens não choram, mas, desta vez foi pego de calças curtas, de surpresa e caiu em prantos...
_não entendo, como isso aconteceu comigo, meu filho!
_nem eu Mariana eu pensava que estes homens afeminados, se vestiam como mulheres, mas você é um homem normal e forte como o seu avô e por que não falou comigo para que eu reconhecesse a sua voz.
_meu velho, não se lembra, você mesmo pediu que nunca mais lhe dirigisse a palavra e para você, o nosso único filho estava morto!
_ me perdoa pai, mais uma vez?
_ eu é que devo lhe pedir perdão meu filho, por te-lo julgado sem saber dos seus sentimentos, como sofreu sozinho nesta vida dura lá fora.
E digo mais, assim dizia o meu pai, “o pior cego, é aquele que não quer ver”.
É filho a vida da rasteira na gente...Tenho que engolir meu orgulho.
“Um homem não deixa de ser homem pelo que veste ou deixa de vestir e sim pelas suas atitudes benéficas pelo próximo, você é um bom rapaz filho”.
Sentimos muito a sua falta, por favor, volte para casa.
Reconheço que é difícil demais para nós nesta idade viver sem você.
Da aqui um abraço filhão!
Os três se abraçaram chorando, desta vez de alegria.
Eles não sabiam que Cláudio nunca se afastou totalmente, morava do outro lado da rua, mas trabalhava o tempo todo e sempre discreto, ninguém sabia nada da vida dele.
Dia sim dia não colocava uma rosa para sua mãe na janela, ela sempre soube que ele é quem trazia a misteriosa rosa.
Colocava também o jornal do dia, todas as manhãs na varanda.
E o pai dele pensando que era uma assinatura antiga de um jornal que sem renovar entregavam por engano achou melhor acomodar-se.
Na noite do assalto, Cláudio sentiu um aperto no coração, estava afadigado, temia que algo de ruim acontecesse a seus pais   de idade avançada.
Saiu às pressas do trabalho desesperado não pensou duas vezes, passou por atalhos e vielas desconhecidas na esperança de chegar o mais rápido que podia em casa quando ouviu um pedido de socorro, jamais pensaria quem era muito menos seu pai e ainda assim salvaria qualquer pessoa desconhecida.
Os dias se passaram...
Seu Floriano preocupado ficava um bom tempo na varanda pensando nas palavras daquele homem que lhe falou do amor de Deus no dia do assalto e caiu em si, se todos são iguais, aos olhos do criador era hora de rever valores...
Em não se questionar em que errou para ter um filho assim ou assado, e sim reconquistar a confiança e o amor daquele único filho.
Convidou a esposa para fazer visita em uma igreja cristã, apesar de odiar os crentes, sentiu vontade de procurar ajuda não uma ajuda profissional de pisicologo ou psiquiatra e sim ajuda espiritual.
O homem que evangelizava ali naquele momento, tinha falado de um amor desinteressado e gratuito que protegia e vinha de Deus.
Como ajudar o filho se o mesmo precisava de ajuda, então diariamente iam aos cultos e se sentiam cada vez diferentes, renovados até se passarem pelas águas e serem batizados.
Desta vez quem fez o convite ao filho, foi à mãe, com um coração de ouro abençoado por Deus, ele jamais diria não se a palavra dela era lei.
O batismo foi à coisa mais linda que ele já tinha visto, e mais bonito que um casamento, por ser diferente, um casamento com Deus.
E a partir dali o passado seria morto e enterrado, uma vida nova começava naquela casa e para ser completa faltava o filho do casal se tornar um verdadeiro membro.
Na verdade os membros da igreja o excluíam simplesmente pelo seu modo de ser, na verdade preocupavam apenas com a língua do povo.
 Na hora de cumprimentar os irmãos no final do culto se esquivavam claramente do coitado que nada fizera para magoar ou envergonhar ninguém, pelo contrario era mais humano que muitos que se diziam crentes de verdade.
Pois nunca tratou ninguém com indiferença.
Ajudava qualquer pessoa independente da cor, da aparência e da conta bancaria, ele via as pessoas por dentro, como poucas pessoas podiam ver.
Ele era uma pessoa escolhida por Deus a dedo, estava escrito que aquela denominação ganharia um novo membro, não apenas mais um membro como os outros e sim um que fazia a diferença em tudo.
 Cada pessoa é única, verdadeira aos olhos do pai e quem somos nós para excluir-mos alguém, ignorar-mos alguém que esta na nossa frente.
Diferenças estas que são julgadas pelo juiz e cada um é responsável pelo próprio julgamento individual e começa a ser julgado a partir das atitudes de cada um...
Pecado, para Deus não existe pecado grande ou pequeno.
Pecado é pecado de qualquer jeito...
Todos pecam, mas se cada cuidar de livrar-se dos próprios pecados diários estará fazendo algo a si mesmo.
Cada um deve se olhar no espelho antes de julgar alguém, pois sujo é aquele que tem mente poluída, egoísta.
É hipócrita se não consegue pensar no outro com amor ou ternura, talvez não merecesse o perdão de Deus e ele sim, perdoa e anota quantas vezes e por qual motivo...
Chegará um dia em que esse tempo terminara e junto à chance de ser novamente perdoado.
 Cuide da sua vida e ame o próximo do jeito que ele é.
Por Deus, Cláudio reencontrou um amigo na mesma igreja que freqüentara mesmo contra a vontade dos membros e através dele, o único que se aproximou como um verdadeiro cristão mostrou a todos o que é ser um cristão de caráter.
Cristão de caráter é aquele que, é merecedor do verdadeiro amor de Deus sem nada questionar.
O amigo teve naquela noite teve a oportunidade de falar algo escolheu um versículo e por obra divina veio um especial para os que se identificassem e corrigisse enquanto há tempo.  
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu... Eclesiastes (3:1)
Mas nenhum homem pode domar a língua.
É um mal que não se pode refrear, está cheia de peçonha mortal. Tiago (3:8)
A moral da história:
Por dentro todo mundo é igual. Pele, roupa não tem nada a ver com o caráter, o que importa para Deus é o conteúdo e só ele pode fazer a reforma dentro do ser humano tosco de sabedoria este sim é um pobre coitado...
Que Deus tenha misericórdia da sua alma.

                                                                                                             Mayala Morenna






Onde eu fui parar

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Segredo

Guardo meus segredos para mim mesmo e Deus.
 Faça o mesmo com os seus.


                 Mayala Morenna


sábado, 2 de janeiro de 2016

Amor Oculto

A maioria diz que a outra passa os fins de semana sozinha, mas não sei se é verdade...
A semana inteira passam juntinhos no maior carinho, maior chamego, ele faz tudo que ela pede e ainda chama de amor o tempo todo. Beijos são tantos que nunca dava pra contar.
E esposas quase não ganha beijo, não sabe se por que a relação esta um pouco desgastada pelo tempo, da mesmice ou por falta de interesse de um dos dois.
Amante tem todos os beijos que uma esposa  poderia ganhar de um marido em um mês, ganha em um dia. Ela tem colo, é mimada,  anda de mãos dadas em publico como dois namorados elas e preocupa,mas ele nao,ele quer viver isto protegendo e a fazendo se sente amada, mesmo se nao fosse totalmente verdade vale a pena acreditar e ser feliz intensamente sem pensar...
Daí me perguntam, qual  ama mais esse homem?
Se a Esposa se soubesse  do adultério  certamente perderia a cabeça e terminaria com tudo.Choraria horrores, se sentiria humilhada ate colocar a cabeça no lugar e pensar se valia ou não a pena, afinal, são tantos anos juntos, não tão bons como sonhara ou gostaria com mais apertos que alegria, mas que deveriam ser calculados  quando se tem uma família.Filhos esses que nem sempre entende a separação.Mas se houvesse amor deveria ter sim uma segunda chance.
A amante sabe que ele tem outra família, no inicio também chorou, ficou muito chateada, pensou bastante  quis ir embora da vida dele e chegou à conclusão de que valia a pena sim ficar junto com o homem que a faz sentir a mulher mais feliz do mundo onde é tratada como uma rainha, não só em relação a sexo, mas em tudo, o único homem que a fazia rir ate beijando, com companheirismo em todos os momentos, compreensão acima de tudo, chamego, carinho, respeito, mais muito mais carinho. Aquela pessoa que te faz não só a querer mais anão desejar mais  ninguém.
Aquela coisa de olhar nos olhos e entender o outro, sentir aquele abraço que parece ser insubstituível e beijos apaixonantes que parecem ter sido os únicos recebidos na vida inteira deixando quaisquer outros  passados instáveis.
Um homem que sai de madrugada debaixo de tempestade em busca do melhor cacho, não o mais fácil de ser apanhado e assim voltando encharcado para guardar no porta malas ainda que as flores ficassem murchas o brilho nos olhos de vê la recebendo o mesmo com sua flor preferida faz  valer muito a pena.
Aquela vontade de comer algo especial que ele teve o prazer de ir cedo comprar os ingredientes e fazer, não só uma vez, mas varias vezes no ano.
Será que a esposa não se toca que o marido odeia ir pra cozinha, prefere comida pronta e que do nada tem ido pra cozinha.
Se com a amante se sente tão bem, tão zen, que conta segredos que nunca tivera coragem de contar a ninguém muito menos a esposa, isto se chama confiança...
Se não é nos braços dela a esposa que ele  sente uma paz, uma vontade de não soltar mais, num abraço que ele diz que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço e gemer quando recebe um.
E se isto nao é amor eu não sei o que é, mas que é muito bom de ser sentido.
Amante sim, mas por livre e espontânea vontade. Esposa por comodidade ou obrigação.
Esposa ou amante, não se sabe realmente quem esta em desvantagens, pois uma esposa pacata deve ser mansa por ter um bom amante para fazer a vida difícil se tornar mais doce e assim saber viver os dois lados.
Em desvantagem mesmo quem sai é o homem que pensa que engana e é enganado. Pensa que ta podendo, mas esta dormindo abraçadinho com uma mulher poderosa do lado e não sabe. Melhor  assim, um amor oculto, tranquilo para viver mais e felizes para sempre.



                                                                                                              Mayala Morenna