Em momentos difíceis eu sempre falo
que quero sumir por ai sem rumo, sempre quis ir para onde não me conheciam,
embora reconheça que fui longe demais a dar fim a minha carteira de trabalho e torrar
a pouca grana que tinha voando
em terras estrangeiras. Não sei como tive
tanta coragem de ir parar na periferia de um bairro qualquer dos estados unidos.
De repente, me vi andando e todos
me olhando como se eu fosse uma turista e era realmente ainda mais pelos trajes
nada apropriados para o clima. Senti-me como um zumbi de tanto ver como era
olhada, como se eu fosse de outro mundo.
Sentei num canto para pensar o que
fazer sem hospedagem e o detalhe mais importante, eu não tinha convertido os
meus reais em dólares, enfim, eu estava literalmente pedida. Comecei a desesperar
indo por uma rua muito cabulosa, era fininha e íngreme, tinha casas com
telhados azuis em formas triangulares que tocavam o chão. As ruas pareciam um
grande tobogã e haviam vários skatistas
se aproveitando dela fazendo altas manobras escalando rampas de quintais de casas alheias sem muro e sem cerca
que faziam parte do lugar e eu abobalhada
vendo aquilo tudo, afinal, no Brasil nunca vi nada parecido. Um rapaz chegou
ate a mim e me fez uma mímica pra eu não ir adiante, me fazendo sinal de que
aqueles dois homens estavam ali para impedir minha passagem e então resolvi
seguir os conselhos de um estranho depois de ver os mesmos de longe e tinham um
mau-caratismo na face e nas mãos, então, apressei os passos ate sair dali o mais rápido possível
ate deixar de ser seguida por eles.
Em outra rua e depois outra, finalmente sentei no meio da rua e comecei a chorar, não sei se
para chamar a atenção tipo; “oi eu existo” sentindo falta da família e dos amigos.
Eu estava muda não por deficiência, mas por não dominar o idioma e as pessoas
pensavam que eu não falava. Uma gentil Senhora me levou para casa me dando água
e comida e com gestos pedi uma caneta e um papel, me deram um lápis que escrevia tão apagado que
eu mal conseguia ler e então, escrevi meu
nome para me procurarem no Google e encontrar
todas informações a meu respeito para que eu deixasse de ser uma espécie de
indigente porque era assim que eu me sentia.
E dia a dia fui ganhando o respeito
e um lugar na casa, me deram o bebê que chorava
o tempo todo para segurar e cuidar e ele se calou se assim que se
aconchegou em meu colo como se eu fosse um remédio, sei la.
E de tanto os ouvir falando português me perguntei, porque eu não consigo
responder se eles falam claramente o português brasileiro, porque eu
estou com minha voz travada?
Sem entender nada arregalei os
olhos e do nada acordei. Em casa...
Ô lugar bom é o Brasil, minha terra,
minha casa, minha família e meus amigos.
Não preciso ir para terras
estrangeiras para sentir faltar e ver o valor que tem pra mim e eu Jamais seria
indigente na minha terra onde muitos me conhecessem, nem todos gostam de mim, mas a maioria me respeitam do jeito que eu sou, como Mayala Morenna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário