domingo, 31 de janeiro de 2016

Terras estrangeiras

Em momentos difíceis eu sempre falo que quero sumir por ai sem rumo, sempre quis ir para onde não me conheciam, embora reconheça que fui longe demais a dar fim a minha carteira de trabalho e torrar a pouca grana que tinha voando
em terras estrangeiras. Não sei como tive tanta coragem de ir parar na periferia de um bairro qualquer dos estados unidos.
De repente, me vi andando e todos me olhando como se eu fosse uma turista e era realmente ainda mais pelos trajes nada apropriados para o clima. Senti-me como um zumbi de tanto ver como era olhada, como se eu fosse de outro mundo.
Sentei num canto para pensar o que fazer sem hospedagem e o detalhe mais importante, eu não tinha convertido os meus reais em dólares, enfim, eu estava literalmente pedida. Comecei a desesperar indo por uma rua muito cabulosa, era fininha e íngreme, tinha casas com telhados azuis em formas triangulares que tocavam o chão. As ruas pareciam um grande tobogã  e haviam vários skatistas se aproveitando dela fazendo altas manobras escalando rampas de  quintais de casas alheias sem muro e sem cerca que faziam parte do lugar e eu  abobalhada vendo aquilo tudo, afinal, no Brasil nunca vi nada parecido. Um rapaz chegou ate a mim e me fez uma mímica pra eu não ir adiante, me fazendo sinal de que aqueles dois homens estavam ali para impedir minha passagem e então resolvi seguir os conselhos de um estranho depois de ver os mesmos de longe e tinham um mau-caratismo na face e nas mãos, então, apressei  os passos ate sair dali o mais rápido possível ate deixar de ser seguida por eles.
Em outra rua e depois  outra, finalmente sentei  no meio da rua e comecei a chorar, não sei se para chamar a atenção tipo; “oi eu existo”  sentindo falta da família e dos amigos. Eu estava muda não por deficiência, mas por não dominar o idioma e as pessoas pensavam que eu não falava. Uma gentil Senhora me levou para casa me dando água e comida e com gestos pedi uma caneta e um papel,  me deram um lápis que escrevia tão apagado que eu mal conseguia ler e então, escrevi  meu nome para me procurarem  no Google e encontrar todas informações a meu respeito para que eu deixasse de ser uma espécie de indigente porque era assim que eu me sentia.
E dia a dia fui ganhando o respeito  e um lugar na casa, me deram o bebê que chorava o tempo todo  para segurar  e cuidar e ele se calou se assim que se aconchegou em meu colo como se eu fosse um remédio, sei la.
E de tanto os ouvir  falando português me perguntei, porque eu não consigo responder  se eles falam  claramente o português brasileiro, porque eu estou com minha voz travada?
Sem entender nada arregalei os olhos e do nada acordei. Em casa...
Ô lugar bom é o Brasil, minha terra, minha casa, minha família e meus amigos.
Não preciso ir para terras estrangeiras para sentir faltar e ver o valor que tem pra mim e eu Jamais seria indigente na minha terra onde muitos me conhecessem, nem todos gostam de mim, mas a maioria me respeitam  do jeito que eu sou, como Mayala Morenna.

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