terça-feira, 25 de setembro de 2012

Coisas de Mayala Morenna


 
A busca

Lembro-me que conversava com alguém, alguma vizinha ou amiga, não sei ao certo.
Quando ouvi um comentário sobre uma casa estranha que estava assustando a todos.
Desta vez, não sei por que resolvi procurar a tal casa.
E não sabia onde era, nem em qual rua, sai procurando por todos os lugares, senti uma mão pequena de uma criança se estendendo sobre mim.
Parecia querer ir comigo, então continuamos andando e passando por corredores  de concreto como se fosse um...
Mas como este cemitério veio para aqui, se antes não havia nenhum.
Continuei correndo até avistar o tal casarão do século passado, com muitas vidraças em acabamento em azul, me debrucei para olhá-lo por dentro.
Esta eu não entendi, eu nunca fui de bisbilhotar a vida de ninguém, mas olhei assim mesmo e vi várias pessoas, alguns sentados em uma poltrona, outros de pé conversando e tomando café.
Até ai não achei nada de diferente, talvez fosse papo de fofoqueiros que inventaram a casa mal assombrada.
Ainda com a minha mão segurando bem forte a daquela criança desconhecida que nada falava talvez por medo, aumentei a minha curiosidade limpando o vidro embaçado da janela para ver melhor e olhei novamente.
Só que a casa estava vazia, não sei como.
E pensei onde será que as pessoas e os móveis foram parar?
Não encontrei resposta alguma, fiquei confusa e vi a porta entre aberta, resolvi chegar mais perto...
Bem pertinho e a porta misteriosamente se abriu lentamente fazendo aquele barulho...
Entrei, levando comigo a criança, e depois de dar o primeiro passo, não tinha piso, nem paredes.
Caindo em uma escuridão profunda e tive muito medo, segurei firme na mãozinha tentando protege-la ainda com muito mais medo, comecei a chorar.
Quanto mais eu caia num abismo, naquele imenso vazio.
Mas minhas lágrimas eram tão fortes que ao caírem pareciam lá no fundo de um poço.
Como a escuridão era total, jamais poderia encontrar a saída.
Então comecei a clamar a Deus, gritando com desespero;

ENHSOR TENHA MISERICÓRDIA DE MIM...

Com olhos bem fechados, chorando e orando com desespero, gritei novamente;

SENHOR TENHA MISERICÓRDIA DE MIM...

 Continuei falando com Deus, pois naquela hora difícil, ninguém poderia me ouvir, a não ser aquela criança que nada falava, e nada podia fazer, pois estavamos na mesma situação.
SENHOR EU QUERO SER DIFERENTE, quero ser transformada, liberta-me.
Eu preciso ter só mais uma chance...
Ainda orando, consegui abrir os olhos e vi pessoas paradas em pé e imóveis como se estivessem mortas, mas, com os olhos abertos, corpos que eu atravessei como se fossem fantasmas com pele normal.
Eu tive medo, pois estava em um lugar que eu não entendia ,fechei os olhos e continuei orando e eu ainda conseguia segurar a mão da criança.

SENHOR TENHA MISERICÓRDIA DE MIM...

Eu quero ser um vaso novo, tira de mim tudo o que não provém de ti, toda mágoa, toda amargura.
TEM MISERICÓRDIA DE MIM...
Em nome de Jesus eu te peço.
Então bati meus pés bem forte no chão, que na verdade não era chão, todo mal está amarrado em nome de Jesus...
Ao toca os pés, pude sentir que havia algum fundo, então a cada batida eu sentia terras, torrões de terra caídos sobre a minha perna.
Rapidamente me veio na cabeça, como pode ter terra se antes de entrar era uma casa, com ruas cheias de corredores, mas, que só podia ser terra do cemitério.
Mas o cemitério era acimentado(de concreto) como pode então cair terra em mim.
Continuei Orando, mesmo com muito medo abri os olhos e naquela escuridão toda eu pude ver um brilho, forte há uns 200 metros de mim.
E quanto mais eu clamava a Deus, aquele brilho de mim se aproximava.
O brilho ofuscante era uma Bíblia Sagrada que ao flutuar suas páginas douradas brilhavam mais do que qualquer estrela do céu.
Orando em voz alta, praticamente gritando:

SENHOR, SENHOR, SENHOR...

E sem que eu me desce conta minha mão se levantou e meu dedo apontou para um lugar que eu não queria, uma bíblia justamente no exato lugar que ele me apontava, continuei orando, cada vez que eu orava com mais força, mais vontade, quando eu abria os olhos via que o brilho da Bíblia me atraía como imã e chegava cada vez mais perto de mim.

Orei muito mais e chorei todas as lágrimas que havia dentro de mim.
Ao abrir os olhos ela estava ali, na minha frente, só me faltava força nas mãos para alcançá-la, se eu conseguisse.
Não sei da onde tirei força e ágil, a segurei.

E tudo clareou, não tinha havia mais aquela escuridão e não estava em casarão algum muito menos em um cemitério.
Ajoelhei-me diante da luz que estava em minha mão e orei...
Orando com desespero e agradecimento, clamando a Deus e chorando sem abrir os olhos.
Quando terminei de orar, eu estava em um lugar seguro, na minha casa, na minha cama e acordei na hora certa que havia sido abençoada por Deus...
Na mesma hora em que pedia para ele livramento para mim e aquela criança.
Que até o momento eu não sabia se era menino ou menina, se era da cor branca ou negra.
Com tanto medo não pensava em detalhes, apenas lhe segurei a mão.
Não tinha lembrado se quer do rosto ou da roupa que vestia.
Fiquei pensando, pensando...
E meu coração me falou que aquela criança que me acompanhara em todos os meus passos era o menino Jesus...
Que me acompanhou durante o mais terrível dos meus pesadelos



                      Mayala Morenna

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