sexta-feira, 18 de maio de 2012

O sequestro Relâmpago



 
 
_Alf temos visita, a mamãe veio passar o fim de semana conosco!
Antes que ele fizesse uma cara alegre de boas vindas, a velha deu-lhe um abraço e falou no ouvido:
_você vai ter que me engolir.
_cruz credo!
E fez sinal da cruz escondidinho para a esposa não ver.
Quando ele ia falar alguma coisa, pensou melhor e deixou para lá, afinal sogra é sogra não dá para explicar.
Pela quantidade de malas seriam muitos fins de semanas, ou a velha borra as calças e tem que fazer várias trocas por dia, que coisa feia em, sua porca.
Ao imaginar tudo isto, Alf caiu em gargalhadas.
A velha curiosa esticou o pescoço de girafa para ver qual seria o motivo de tanta graça, como o maluco ria sozinho ela resolveu não dar idéia.
No dia seguinte...
Com esta onda de seqüestro que estamos vivenciando no Brasil, é difícil sair de casa, se o carro é velho, acaba com o orçamento da casa em consertos e vive mais na oficina que em casa.
Se o carro é novo, tem que pagar seguro e as prestações está pela hora da morte, por enquanto é melhor andar de ônibus e esconder o carro dos ladrões na garagem.
Alf falou sozinho mais uma vez como um maluco, o certo seria pensar não falar.
Socorro! Socorro! Alguém gritando na portaria, quem poderia ser, D. Jorda, tenho que avisar o pessoal do Ap 602.
Plim... Plim...
_o interfone, querida eu atendo!
O porteiro tremendo gritou.
_calma menino, conte até dez e começa a falar tudo de novo ok.
_mas Senhor.
 
“O quê, me deixa ver se ouvi direito, a minha sogra foi o quê”?
 
 ”Seqüestrada”.
 
_Iurru!
 
O rebolation... Rebolation... Rebolaition...
Esqueceu-se de desligar o interfone e o pobre homem que não tinha nada a ver com o pato, ouvindo tudo...
Só balançou a cabeça e resmungou: “rico tem cada uma” quando vejo o casalzinho saindo com a velha parecem se dar tão bem, vai entender...                                        01
_Deus existe, mas espera ai, rapaz, me desculpe me empolguei, vai chamar a policia e já desço ai.
_não, não Sr, Alfredo, eles querem sigilo absoluto, entregaram um bilhete olha só vou lêlo.
_ok, entendi, câmbio e desligo. Este Alfredo parece não levar nada a serio.
E sorriu dando pulos de alegria, mas, tinha que fazer alguma coisa, tipo avisar a mulher, agora é que são elas...
Andou de um lado para o outro pensando o que fazer e como contar. “Vou encarar e dizer a verdade, somente a verdade, eu juro” ah, vamo lá, me dá uma ajudinha aí, meu padim padre Cícero.
_querida, querida acorde, aconteceu uma coisa horrível! Falou com sarcasmo contentíssimo.
_O quê me disse amor, não entendi a mamãe o quê...
_sim, nos temos que ser fortes, eu to aqui para o que der e vier.
_O não, a mamãe...
_Não, não querida à bruaca ainda não morreu quem me dera, ela só foi seqüestrada, acorde querida.
Alf correu até a cozinha apanhou um vidro de álcool e...
_graças a Deus querida você esta bem?
_sim, mas a mamãe...
_não, não querida fui mal, você entendeu errado, a mamãe foi só seqüestrada!
_ você ainda fala só, meu amor é estamos falando da minha mãe, não to te entendendo.
_mas querida veja pelo outro lado bom da coisa, poderia ser pior se ela tivesse morrido não é mesmo?
_sim você ta certo, vamos esperar pedirem o resgate.
_Mas querida, você não ta falando daquela grana que guardamos para irmos a Orlando no fim do ano, eu sempre quis ir na...
_a mamãe em primeiro lugar e não se toca no assunto, respeita a minha dor.
Ele deu um abraço e pensou:
“Minha dor, uma grana suada que  custamos juntar indo a água abaixo...
Ele fez uma cara tão triste que dava pena. Quase chorou, imaginando o dinheiro voando da sacada do apartamento e caindo alegrando o povo na rua e ele chorando tentando recuperar caindo junto, mas.
O telefone toca...
 
Ela quis atender, ele não deixou trêmulo atendeu já falando “nós não vamos pagar porcaria nenhuma” Ao olhar sua mulher desesperada se desculpou mais do que depressa. Desculpe-me querida!
_quero dizer, pode falar seu seqüestrador sou a todos ouvidos.
_Mas, não é possível, vocês estão loucos?
_calma querido, a mamãe não tem preço, negocie logo, por favor!
_alô, alô, desligaram, nos estamos ferrados, esse cara é louco, minha sogra não vale isso tudo, ah, querida me desculpe, é que estou muito nervoso, você sabe como sou apegado à mamãe não sabe?
_ claro que sei meu amor, vai dar tudo certo, vamos rezar, feche os olhos e só abrimos
 ao terminar, a mamãe sempre disse que assim a oração fica mais forte.                        
_mas querida...
_mais nada...
Ave Maria, cheia de graça, o senhor é convosco, bendita sois-vos entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria mãe de Deus rogai por nós, os pecadores, agora e na hora da nossa morte, amém...
Enquanto isso ele jogava no celular espojado no sofá, quando ele estava muito empolgado, percebeu olhando para as mãos dela e o terço estava no fim, se ajoelhou rapidamente e continou até que ela falasse:
_amor pode se levantar, já acabamos.
_ai querida meus joelhos estão ardendo, mas é por uma boa causa a não é?
 Esfregando a mão no local para amenizar a dor, que dor.
Uma hora depois o telefone toca novamente...
 
_Eu já falei que, ah, o quê, a são vocês, tudo bem.
O quê, não entendi, pode repetir, por favor?
Alf jogou o telefone para o alto e dando pulos de alegria, a mulher sem entender nada perguntou r qual o motivo de tanta alegria, ele mal conseguiu explicar, gaguejando com olhos esbugalhados, pediu um copo de água, assim que tomou recuperou o fôlego e gritou sem nenhum pudor:
“Estamos salvos, não precisamos gastar dinheiro com a sua mãe, quero dizer com a mamãe”.
 
Ele ficou paralisado com eco amiudado com a voz do seqüestrador “tirem esta mulher daqui ela trás má sorte pra gente, é engano, tudo menos esta mulher” resmungou amedrontado...
Alfredo balançou a cabeça tentando desviar-se do pensamento que por sinal o agradara, admitindo que o cara tivesse razão, com a mão no queixo com expressão afirmativa. Pensou em voz alta;
“Coitado”!
_Como assim?
_vem cá vou explicar vão devolvê-la, estão arrependidos e ainda vão pagar a gente em dólar para ir rebocá-la, quero dizer busca-la.
_Amor, quer dizer que a mamãe vale muito não é?
_Não, não querida, a sua mãe é uma mala sem alça mesmo!
_Ah! Ela não entendeu nada cabisbaixo e...
_ e eu tenho culpa.
Alf saiu balançando os ombros, tipo to nem ai, to nem ai.

Texto:Mayala Morenna
  

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