sexta-feira, 25 de maio de 2012

Um amor Virtual, completo.


Tudo começou em uma manhã de inverno verificando os recados,  Ana percebeu que recebera um convite e clicou aceitando a amizade  de um  gentil  rapaz  chamado Luttuphil  e estava em busca de novos amigos.
Os dias se passaram eles sempre se falando até  ela descobrir que ele morava longe, muito longe, na verdade Tasmânia.Claro que não havia pintado um clima afinal , ele mal falava português, mas continuaram  a se falar.Entre uma clicada e outra despercebidos nem notaram que  havia algo  de estanho em ambas as partes e só falaram uma palavra chave “não posso”que os aproximou ainda mais.O impossível é como uma chama que vai aumentando aos poucos e de repente vira uma labareda e apaga.

Ana insistiu em saber o porquê do  impossível e ele  sempre se negando a responder.
Ela não sabia o que aconteceria nos próximos minutos da sua vida, então resolveu apostar quase tudo em um relacionamento a distancia... Totalmente diferente de tudo.
 Farta da mesmice que cercava os seus dias investiu em si mesmo e entregou-se a esse amor virtual  proibido.
Coitada, mal sabia o que a esperava, mas no momento preferiu tapar os olhos para a realidade e sonhar de olhos abertos, com ele...
Ela mal dormiu a noite passada, a mais longa de todas, no entanto do outro lado, ele também... Embora o fuso horário fosse diferentes ambos não conseguiram esperar que amanhecesse para se falarem de novo, mas era cedo e tarde para teclar ou conectar-se. 
O tic TAC do relógio tanto de um como  do outro era enlouquecedor e não havia outra alternativa a não ser esperar, afinal a distancia era tamanha, pois ele estava do outro lado do mundo...

3° Cap.

Ambos sem saber como começou e por que continuou quando deveria ter parado na primeira vez em que ele disse a palavra mágica, “não posso” e por força do destino o amor começou ali, naquele exato
momento. Ela não se importava se ao vivo ele fosse alto ou anão, feio ou bonitão ou deficiente, ainda que ele não tivesse as duas pernas o amaria, mas um ponto de interrogação invadiu seus pensamentos, e se ele for volúvel, ainda sim não tinha dúvidas que era ele o homem que a fazia suspirar pelos cantos da casa e no trabalho não era diferente. Sua espontânea alegria deixava suspeita de que algo de bom acontecera em sua vida.
A distancia gélida  é a reserva na resposta não o detiveram de fato, dadas as circunstâncias, eram esperadas, era melhor encarar a situação,.
Mas ninguém se quer imaginava  como pode uma foto, uma simples foto atrás de uma tela, sem voz bagunçar tanto a cabeça de uma mulher, vivida, linda e que nunca acreditara em contos de fadas.
Mas  um poeta já dizia que “O coração tem razão, que a própria razão desconhece”.



4° cap.

Do outro lado, ele sentia o mesmo andando de um lado para outro esperando a hora passar, mal pregou os olhos acordou suado e ofegante por mais uma vez sonhar com ela...  Mulher sem passado e sem futuro, mas o que importava mesmo no momento era o presente, o hoje.
No dia seguinte embargados, por não ter um amigo fiel para desabafar ou entender tamanha sandice de um segredo mutuo e situação esdrúxula.  Diante um do outro as palavras fugiam da boca e os amantes tanto tremiam que mal conseguiam digitar uma só palavra. E então, eram dois mudos diante a tela e um só coração partido, um pedaço de um lado e o outro do outro, mas que se uniam como imã após a primeira teclada.
 Mesmo depois de decorar falas a noite inteira, na prática foram calados pelo amor, totalmente Hipnotizados...


5°cap.
Finalmente ela se declarou, ele ouviu calado ansioso, no entanto se declarou também....
Embora aquele amor ainda fosse impossível não pensaram nas circunstancias que não eram poucas, afinal ele um padre e vivia em um pequeno vilarejo e cercado de crianças adoráveis  que o idolatravam.. Ela casada e sem querer deixou um desconhecido roubar-lhe o coração. Não, ela jamais trairá o marido em dez anos, na verdade um namoro virtual nem era namoro de verdade sem nenhum contato físico. Anna se distanciou de sua vida real e passava o tempo todo á espera de mais uma chamada, um recado. Sua vida era  serena, previsível e confortável até... Conhecer ele, naquele momento percebera que a mão do destino empurrando-a.
Sem suspeitar que seu mundo fosse virado ao avesso, era tudo tão complicado e ao mesmo tempo, tão simples. Não sabia o que estava reservado pra ela, mas tinha certeza de que era ele o amor da sua vida.
Enquanto o padre totalmente desconcentrado no confessionário, não dizia coisa com coisa, não se achava apto em aconselhar ninguém, afinal foi pego de surpresa, pois nunca estivera apaixonado .
Saiu apressado para  cumprir a própria penitencia, rezando durante 7 dias seguidos a pão e água, o pobre rapaz  ficou fraco e moribundo. Sentiu-se culpado, envergonhado e se trancou a sete chaves, mas no fundo no fundo ele tinha certeza da decisão que tomou depois do sacrifício...


6°Cap 
Sim, ela violou as leis da santa amada igreja quando jurou fidelidade ao marido, mas não havia um parágrafo com letra miúda dizendo isto ou aquilo que todo arrependido queria que tivesse, talvez, o próprio padre não pudesse ceder as regras por  nunca ter se casado  e aí eis o x da questão. Padre ele era um padre, que jurou seus votos e Ana não tinha  se tocado da real situação que os separavam, deixando  para trás amiudados blábláblás de sempre para viver uma nova história de amor.
Como pode alguém amar um rosto sem corpo, ou melhor, amar uma foto atrás de uma tela de vidro.Pois bastava um chamar para que os corações saltitasse de alegria, uma espécie de amizade colorida que deve ser quando duas pessoas que não se conheciam e tinham uma unica cor cobrindo a vida dos mesmos e quando passaram a se conhecer melhor um pouquinho todo dia de  cada vez, coloriu tudo que antes era cinza e que não da pra explicar o que é.
 Se ambos eram saudáveis, tanta pergunta agora não fazia a maior diferença. Tudo que eles queriam estava ali, diante deles. Tinham um o outro, ainda que numa fria tela existissem dois corações prestes a explodir de amor e de vontade de chegar mais perto e mais perto, mas no entanto era impossível...



7° Cap
Não, não adiantava lagrimas rolarem naqueles rostos tristes, ainda assim nada poderia ser feito, jamais se veriam e as possibilidades eram remotas 0 % de chance, ou seja, nenhuma.
Foi isso que os aproximou, eram dois imãs atraídos pela tela e só em saber que nunca se veriam esta foi palavra chave , porta de entrada para um amor virtual. Só por fora, por dentro pareciam se conhecer a anos, talvez em uma outra vida, mas isto não estava em evidencia no momento.
 Ela imaginara como seria ele, mas nada concluía em sua mente via apenas um rosto, embora ele insistisse que ela o visse através de uma web cam, ela se negava, talvez por algum motivo em especial, mas aceitaram ouvir a voz um do outro, por telefone.Luttuphil se importava com ela , não imaginava que conseguiria notar seus erros com tanta candura, se desculpou com Deus em  desejar uma mulher e beijá la com tanta paixão e abandono.Não havia um modo de  se libertar do fascínio de Ana. Ao se aproximar dela cada dia, notou lhe perscrutador e o sentiu como se fosse uma caricia por todo o corpo.Precisou de todo controle para suprir um gemido.Já devia conseguir ignorá la com  mais sucesso, repreendeu se.Deus do céu, passara infindáveis horas nos últimos dias praticando a penitencia. Sabia que ela não o atormentava de propósito, que desconhecia completamente a a intensidade que o afetava.Mas isso não mudava nem um pouco a verdade, Ana era uma sedutora nata.Ele só podia ter esperanças de que ela não soubesse como estivera perto, muitas vezes, de ser abraçada e beijada em seus sonhos arrebatadoramente.E em mais um encontro virtual, mudos...
Sem vento algum, ambos com calafrio se arrepiaram diante de uma voz rouca tremida pelo medo ou pelo desejo de poder chegar mais perto, só um pouquinho mais perto e...

8° cap
Um oi saiu da boca dele, em seguida ela conseguiu responder, mas antes disso uma lágrima fugiu dos seus olhos e ele quis limpá- la com os dedos que foram impedidos novamente pela tela.Barrado pelo vidro embaçado não não se conteve e também chorou ao não poder tocá- la como queria ou deveria...
Na verdade aquele vidro era a barreira da realidade que os  mantinham separados.Se não fossem assim poderiam se amar, ele sem ter que deixar o sacerdócio e ela sabia que sua família desabaria com o fim do casamento
Ana descobriu que definitivamente apreciava o perigo de se arriscar, o calor a consumia servia de início e essa foi a primeira de uma série de descobertas, como a de que era capaz de se entregar por completo sem empecilho algum a um homem determinado e de fato, desconhecido.
Os dias passam e...
O sentimento árduo que lhes tiraram o sono, os deixam feito loucos apalermados pela casa, ele no exterior, ela, no Brasil, á ouvir sininhos ou a ouvir sempre a mesma musica.
Querendo fugir de si mesmos. E só eles sabem, sentem, choram, procuram e não acham.
E quantos mais tentam se esquecer mais se amam, corações pirracentos esses. 
Era melhor sperar os dias passarem no tempo certo, não dava pra adiantar as coisas e pensar se  daria certo ou não se sacrificando com infindáveis possibilidades remotas da carne e viver assim virtualmente, mas  intensamente...








Mas a cada dia ficava ainda mais difícil, ele mal dormia pensando no dia seguinte e ao amanhecer  ligava o computador  na esperança de ter um recado, mesmo que fosse um ok ou um beijo abreviado.
 Mesmo com ajuda das pílulas ela mal pregava os olhos e na escuridão da madrugada só pensava nele.
Seus afazeres lhe obrigaram a se virar em duas, como toda mãe de família em casa e no trabalho já não tinha aquele animo de sempre totalmente desconcentrada.
 Ambos com a mente voltada para outro... Ficaram sem contato por algum tempo, mais ou menos um mês até que um belo dia na sala de casa diante de todos ela recebeu uma fria e lamentável noticia no noticiário da TV. "Um padre muito conhecido e querido na Tasmânia foi atropelado em cima da calçada e não resistiu", até então era uma noticia comum nos dias de hoje, principalmente no Brasil, o que despertou a curiosidade da mídia em geral. Foi um detalhe que escandalizou a igreja católica no mundo inteiro.





10°
O corpo do  padre  Luttuphil tinha nas costas uma recente tatuagem enorme com o nome Ana  e o sobrenome com letras miúdas Maria Braga dentro da bandeira do Brasil . estava escondida debaixo da batina, que no momento da queda foi rasgada agressivamente totalmente exposta, para que todos pudessem ver.
Quando Ana  ouviu o sobrenome desmaiou claro, na frente de todos com  impacto da noticia... 
Assim que se recuperou caiu em prantos sem dar nenhuma explicação para a família.
Foi sedada devido ao desespero e a partir dali passava o tempo todo alienada, como se apenas cumprisse suas obrigações familiares.
Foi demitida do emprego devido seu estado evasivo e se calou para o mundo.
Seu computador ficou encostado em cima do criado mudo e nunca mais na casa se falaram em internet naquela casa.
Com o passar dos meses, Ana sentava em sua cadeira de balanço herança de sua avó, na varanda arborizada e descansava ali a tarde inteira a olhar para céu e sorrir como se tivesse ganhado um premio. Quanta felicidade em uma pessoa até então, insana para outros, mas feliz ao ouvir o canto dos pássaros que lhe alegravam as tardes. Feliz e muda e por lá mesmo adormecia até ser levada pela mão até o quarto como se fosse uma criança posta na cama e ali encolhia de conchinha como se houvesse alguém ao seu lado e dormia tranquilamente suspirando fundo...   Até amanhecer e começar tudo de novo...
A quem afirma ter visto à cadeira a balançar-se sozinha enquanto Ana dormia. E assim se repetia todas as  noites...Parecia que o tal padre velava o sono da sua amada, enquanto ela teve um fôlego  de vida.
Mayala Morenna

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